AA News #6 | 👼🏽 Aquela transformadora
Victoria's (new) Secret e o brusco movimento da marca brasileira que vendia malas e virou marketplace
E olha só quem resolveu dar o ar da graça na sua caixa de entrada. Isso mesmo. Euzinha através da minha, da sua, da nossa AA News. Eu sei que prometi uma newsletter quinzenal mas, como vocês podem ter notado, falhei miseravelmente.
A verdade é que fiz um pacto comigo mesma de não deixar de aproveitar tudo o que eu poderia durante meus meses finais morando em Ann Arbor (mudei de lá há 2 semanas atrás), mesmo que isso me custasse abrir mão de algo importante. Afinal, quando eu teria essa fase tão única da minha vida de volta? Nunca, né?
Passado algum tempo, vivido tudo que precisava ser vivido, retomo meu compromisso quinzenal com vocês, diretamente de Seattle, Wa
Sem me delongar muito, quero fazer uma nova promessa: A de me esforçar ao máximo para manter a frequência dessa newsletter e, mesmo que uma vez ou outra não solte as edições quinzenalmente (o que será excessão), não ficarei tanto tempo sem trazer notícias para vocês. Combinado?
Agora vamos ao que interessa:
Tenho novos assinantes por aqui e quero dar um rápido overview do que vocês devem esperar da AA News de agora em diante: notícias, tendências de marcas, branding, um pouco de lifestyle cultural, estratégias para levar uma vida digital saudável e muito conteúdo.
Na edição de hoje:
- Re-posicionamento da Victoria’s Secret
- Case Além: a marca de malas que agora é plataforma de turismo
- Introdução ao Slow Content
Tempo de leitura: 7 minutos e 23 segundos.
Novos ares para a Victoria's Secret
Uma das notícias que mais me impactou nas últimas semanas foi o re-posicionamento da Victoria's Secret. A tradicional marca de loungerie feminina, que por anos sustentou pilares atualmente ultrapassados, deixou suas super-modelos com corpos magros, cinturas finas e bronzeamento em dia de lado, e abriu suas portas para uma gestão mais diversa, com personalidades que, sem dúvida, iniciarão uma nova era para a empresa.
A nova gestão de produtos, conteúdos e causas, contará com a colaboração da VS Collective - um grupo de 7 mulheres diversas que são personalidades-referência em suas respectivas áreas de atuação. Mas será isso é o suficiente para a marca ser culturalmente relevante?
Há 3 anos atrás, o CMO da Victoria's Secret foi questionado sobre a falta de diversidade em seus desfiles e sua resposta foi direta:
“Porque o show é para ser uma fantasia. É um entretenimento especial. É o único show com essa proposta no mundo inteiro e assim que abrirmos mão disso, os concorrentes se apossaram disso em um minuto. Eles nos criticam porque somos o líder do mercado”
Prepotente demais? O tiro saiu pela culatra? 3 anos depois, cá estamos.
O novo sexy
Da iluminação de dentro do estúdio, para um shooting com luz natural. Dos sexy fantasy bra, para peças que combinem conforto e beleza para todos os gostos. Dos corpos "perfeitos”, para as mulheres de verdade. Já era tempo dessa gigante da industria de moda e beleza se reposicionar e contribuir com uma realidade cada vez mais buscada.
O mundo caminha em direção a evolução e diversificação. Não existe mais espaço para marcas cultuarem padrões de belezas tradicionais e serem o gatilho para comparações e distúrbios de todos os tipos. A desculpa de ser uma “fantasia” não cola. As pessoas querem ver o que é de verdade. Nós estamos em busca de referências REAIS.
O novo sexy chegou com tudo e, na minha opinião, está mais sexy do que nunca.
Final notes: D&I, ou Diversidade e Inclusão, foi uma das tendências para 2021 que apontei em algumas edições anteriores dessa newsletter. Para os interessados, deixo aqui o link para uma bem-vinda releitura.
Além das malas, as viagens
Acredito que muitos de vocês já ouviram falar da marca Além, uma D2C brasileira que tinha como core business a venda de malas high-end com um preço mais acessível.
Além das malas, já havíamos notado que a Além executava, com excelência, sua estratégia de marketing focada em uma constante produção de conteúdo - se tornando um case para muitos marketeiros de plantão.
O produto deles era mala, mas o que eles realmente vendiam era a viagem. Eles despertavam, através de suas postagens, uma vontade tão imensa de conhecer o mundo, que indiretamente estimulavam o consumo de malas de viagens, ou seja, seu real produto.
O que pegou muitas pessoas de surpresa, foi o brusco reposicionamento da marca no qual a Além deixariam de vender malas, e passaria a atuar como uma plataforma de turismo virtual, democratizando o conceito de viajar. Será que cola?
Não me resta dúvidas que esse foi um movimento-consequência da pandemia. A empresa, para sobreviver, precisou se adaptar a nova realidade, e foram felizes e sensíveis ao entenderem que eles já tinham um trunfo nas mãos que era a capacidade de fazer com que as pessoas viajassem, sem sair de casa, através de seus conteúdos.
Então, porque não transformar isso em um negócio, não é mesmo?
Ficam ainda dúvidas sobre os próximos passos da marca. Ao meu ver, seu foco deixa de ser clientes finais e passa a ser outras empresas e pessoas jurídicas que encontrarão em sua plataforma, mais uma vitrine de vendas.
Se vai dar certo, mais pra frente veremos. Mas o que considero mais valioso de todo esse “movimento” da marca, é a sensibilidade que eles tiverem ao entender que a mudança precisava acontecer. Afinal, foi um movimento rápido.
Agora, nos resta aguardar os próximos capítulos dessa nova fase Além.
Ansiosos? Eu estou.
Para quem não sabe: O modelo de negócio D2C (ou Direct to Consumer), que era o modelo adotado pela Além antigamente, possibilita que as empresas controlem - ainda mais - a qualidade de seus produtos e experiências de seus consumidores, exatamente por encabeçarem todo o processo: desde a produção e logística até distribuição e venda. O que permite uma flexibilidade maior dos preços dos produtos já que não precisam contar com nenhum intermédio entre produto e consumidor.
Slow Content pra quem?
Quantos de vocês já se sentiram frustrados e ansiosos quanto a como começar sua marca ou como comunica-la nas redes socias?
Eu aposto que aqueles que se interessam pelo assunto, já tiveram algum contato com os gurus de marketing e se sentiram “para trás” com sua frequência de publicações e engajamento nas redes.
Esses gurus são muitos. Alguns deles caíram de paraquedas na industria da comunicação e noto compartilharem formulas engessadas, repetidas e, muitas vezes, sem essência. Foi daí que começou meu questionamento: Branding não se trata de essência? Marketing não é sobre comunicar verdades e intenções de uma marca? Por que raios a única solução apresentada para os diferentes pequenos empreendedores se resume ao mesmo passo a passo?
Para tudo da-se um jeito:
acordar e postar uma enquete nos stories
dar uma dica relacionada ao seu negócio
mostrar um pouco dos bastidores da sua empresa
gravar reels para aumentar o engajamento
postar no mínimo 7 vezes por dia e por aí vai.
É MUITA coisa e nem sempre é a melhor estratégia.
Se dá certo? Depende do seu objetivo. Com certeza são estratégias que focam no imediato e funcionam para aqueles que estão dispostos a encarar esse estilo de vida. Mas será que todos estamos?
Eu vejo os pequenos empreendedores com uma grande vantagem nas mãos que é o controle total sobre a experiência que sua marca/produto/serviço proporciona ao cliente. E para proporcionar uma boa experiência, nem sempre precisamos da internet.
As vezes, vale muito mais você colocar sua energia no planejamentos de ações offline, focadas na retenção dos seus clientes, do que ficar sofrendo com o fato de você não ter postado nada ainda hoje.
Se você/sua marca não tem nada de bom para compartilhar com seu público, é melhor ficar calado.
Talvez, esse movimento Slow Content que eu tanto venho defendendo não vai te fazer vender 10 produtos por minuto. Na verdade, o Slow Content não funciona para os imediatistas e sim para os que buscam construir uma marca forte e relevante para seu público, e isso só acontece quando saímos da nossa bolha virtual e nos permitimos pensar além do próximo post a ser publicado.
Conteúdo reciclado da última edição da AA News para resgatar o papo e introduzir o conceito para os novos assinantes.
Para ouvir:
Cruella Official Playlist
De Florence + The Machine á Nina Simone, a trilha sonora de Cruella me deixou boquiaberta. Não podia deixar de indicar aqui para que outros sentissem o mesmo prazer que eu tenho sentido ao escutar. Depois me contem se curtiram.
É só clicar na imagem. A playlist é do Spotify.
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